segunda-feira, 21 de maio de 2012

POESIA LIVRE

Nos "Jogos Florais da Pinha - 2012", foram estes os trabalhos distinguidos pelo júri, na categoria de "Poesia Livre".



  • A BORBOLETA
De flor em flor, sugando o pó da vida,
Esvoaça a borboleta alegremente.
E cada volta é nova, diferente,
Parece satisfeita, divertida.

Branquinha, muitas vezes colorida,
Ela alegra o olhar de toda a gente
Que a segue e que, diria, quase a sente
Como padrão de esp'rança desmedida.

Podia ser vaidosa... Não, não é!
o vento mal a deixa pôr de pé
Mas ela vai lutando até ao fim.

De novo um raio de sol irá trazê-Ia
Tal como a noite traz em cada estrela
A alma de poeta que há em mim!

 (Jose Antonio Palma Rodrigues) 

  • SÓ EU É QUE MUDEI
A minha praia
tem ainda a mesma areia dourada
que se revolve, se acastela, se desmorona,
como nos tempos dos meus encantamentos.

As ondas,
que abraçam e beijam
viril e amorosamente o areal,
ainda estendem o mesmo manto de espuma branca
como os alvos lençóis dos meus sonhos de criança.

No oceano
o azul, o verde, o prata,
não mudaram
e o céu é o mesmo
que combinava as tintas na paleta das minhas ilusões.

As gaivotas
ainda gritam e praguejam,
como nós, quando moços, na praia que era só nossa...

Os poentes,
ai os poentes na minha praia!
também eles são os mesmos
como quando no céu erguia os meus castelos de esplendor.

Só eu é que mudei!
Só eu é que sou outro!
E mudei tanto, tanto,
que até me desconheço.

Os meus deslumbramentos soterraram-se nas dunas,
os meus sonhos afogaram-se na alva espuma das ondas,

Agora
ilusões, aventuras, ambições, ideais,
são apenas destroços
atirados à costa pelos vendavais!

(Jose Correia Torres)


  • A MINHA ALDEIA
Assim acorda meia aldeia em alvorada
Quando outra metade adormece já madrugada
Começam os motores agrícolas na manhã
Na ressonância dos labores de cada dia
Cada qual traz a sua melodia
E eu sinto em ti aldeia um talismã

Como eu te amo minha aldeia, minha terra
Situada entre o mar e a agreste serra
Aqui nasci tão longe parti mas regressei
Na esperança de continuar no presente
Para não viver só no meio de tanta gente
Onde por te adorar, dos teus poetas falei

E quando chama da saudade ainda arde
És aldeia o meu tronco e minha arvore
Porque sou a raiz deste lugar onde nasci
E quando a luz do belo luar prateia
Na mansa brisa da noite em ti aldeia
Como eu adoro assim viver, viver aqui

(Maria Helena Ramos) 

  • A TAL FELICIDADE
Onde estará a tal felicidade
Que todos procuramos com denodo?
Há quem a busque, em vão, no mundo todo...
Mas ela há de existir, na realidade.

Só quando o desespero nos invade,
Só quando nos conspurcam ódio e lodo,
Descremos da existência, do engodo
De que ela só depende da vontade.

Ser-se feliz! Quem é que o não deseja?
Mas, vede, na verdade quanta inveja,
Quanto ciúme e quanta cicatriz.

Raro acontece, a tal felicidade,
Por força do destino ou da vontade...
Às vezes é melhor não ser feliz!

(Jose Antonio Palma Rodrigues)

  • ÁRVORE AMIGA

Não sei que anos tem. Parece velha.
Mas a sombra que entorna é tão intensa
Que há muito quem afirme e se convença
Que ela é do Paraíso uma centelha.

Acolhe, refrigera e aconselha...
A mágoa mais cruel fica suspensa.
Dizem até que, às vezes, na doença
A lenitivo a folha se assemelha.

Parece a minha avó. Estende os braços
Para afogar as mágoas e os cansaços
De quem a tem, por vezes, esquecida.

Árvore amiga, o sol não te inquieta.
Já te cantou, eu sei, muito Poeta. . .
. .. Mas não és tu um hino à própria vida?

(Jose Antonio Palma Rodrigues)

  • O HOMEM
O homem, esse grande e pequeno ser
Amarelo, branco ou preto, tão diverso
Grande, em conhecimento e saber
Pequeno, na grandiosidade do universo!

Cheio de males, medos e temores
Receia doença, dor, sofrimento
Sofre quase sempre com seus amores
Amargura num simples pensamento

Pleno de defeitos e virtudes
Com sentimento grande e profundo
São dele as nobres ou vis atitudes
Que vão sucedendo neste mundo!

Tráz a guerra e a paz nas suas mãos
Nos seus olhos, a cobiça e a ambição
Rouba, tira ou dá, aos seus irmãos
E reza pedindo a Deus o seu perdão!

E no seu juízo final
De que foge e luta até poder
Morre, toma-se imortal
O homem, esse pequeno grande ser!

(JJ Rodrigues)

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